domingo, março 19, 2006

Viagem de afectos por S. Tomé

As Edições MinervaCoimbra apresentaram em Coimbra o livro “Escravos no Paraíso – Vivências de S. Tomé e Príncipe”, da autoria de António Bondoso. A sessão contou com as presenças de Alda Neves, ex-adida cultural na Embaixada de Portugal em S. Tomé e Príncipe e directora do Instituto Camões – Centro Cultural Português, também em S. Tomé e Príncipe, de Luís Reis Torgal e do cônsul de S. Tomé e Príncipe em Coimbra, José Diogo.












“Escravos do Paraíso” é uma viagem profunda à intimidade dos afectos e da paixão pelas Ilhas de S. Tomé e do Príncipe, inventadas por Deus e abençoadas pela natureza africana. Um conjunto de ilhas no meio do mundo, que marcam para sempre todos quantos por lá passam.
Segundo Reis Torgal, S. Tomé deixa mesmo em quem o visita a ideia de que é uma espécie de “escravo do paraíso”. O historiador realçou a beleza da paisagem, mas simultaneamente lamentou o abandono e decadência das roças, que, afirmou, “deviam ser património mundial”. Luís Reis Torgal realçou ainda a necessidade urgente de se fazer a história de África, como tudo o que até hoje a marcou, incluindo o colonialismo.












Alda Neves, por seu turno, felicitou António Bondoso por ter feito desabrochar a língua portuguesa e por lhe ter permitido recordar pessoas e lugares que integram a geografia dos seus afectos. “O livro que António Bondoso nos oferece como leitura serena, vai permitir-nos viajar tempos diferentes de espaço, de gentes e sentires, caldeados por culturas e mudanças muitas, e uma ideia dominante: não se passa impunemente pela vida. As vivências de cada homem e de cada povo são únicas, mesmo que assentes sobre uma matriz comum”.












A apresentadora realçou também o enriquecimento do texto com fotografias, “fotografias de ontem e de tempos mais recentes. Retratos de pessoas e lugares que emprestam à escrita do autor – a escrita do desnudar a alma, do dizer, do contar, do questionar – a profundidade do captar a vida, a realidade, a preto e branco, ou a cores, através da luz”.












Para o autor foi muito bom poder falar de S. Tomé, país que tem sido esquecido por Portugal. “S. Tomé foi esquecido depois da independência durante muitos anos. Nunca ninguém falava de S. Tomé”, lamentou, destacando, no entanto, os que procuram agora afirmar as ilhas através da escrita.












Por isso, referiu ainda, “foi bom eu ter escrito esta obra, para recordar muitas coisas boas que aconteceram em S. Tomé e Príncipe, entrelaçadas com aspectos negativos que marcaram profundamente a vivência das ilhas”.












António Bondoso nasceu em Moimenta da Beira mas viveu durante 21 anos em S. Tomé, até Outubro de 1974. No Rádio Clube de S. Tomé iniciou a sua carreira radiofónica em 1967, passando para a Emissora Nacional em 1973. Nos anos 80 e 90 foi colaborador da RTP na área do Jornalismo Desportivo. Na RDP e na TDM-Rádio Macau exerceu cargos de chefia e de direcção. “Em Macau por Acaso”, de 1999, foi o seu primeiro livro de poesia, seguindo-se “Tons Dispersos”, em 2003, e “A Cidade e a Paixão – Poemas de Azul e Branco”, em 2004.

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