“Coimbra: caldo de cultura ou cultura do caldo?” foi o título escolhido pelo historiador Paulino Mota Tavares para a última sessão das Terças-Feiras de Minerva.
“Coimbra está a atravessar uma crisezinha que passa pela cultura”, afirmou Mota Tavares. “Sentimo-nos tristes e expectantes pelo que se está a passar em Coimbra em termos culturais”, referiu ainda, “e penso que Coimbra tem-nos tratado mal, aos cidadãos”. E já que, até agora, “não nos temos prevenido”, será aconselhável “prevenirmo-nos no futuro”.
Paulino Mota Tavares recordou o desaparecimento do eléctrico, “meio de comunicação histórico e bonito”, o desaparecimento dos laranjais do Mondego, o desaparecimento do antigo Teatro Avenida, ou a adulteração do edifício do Banco de Portugal, um acto que Mota Tavares considera “criminoso” e que “serviu para destruir um edifício cheio de carácter”.
Para o historiador, Coimbra está a viver uma “época de ouro, mas no cimento armado”. E o exemplo é Santa Clara que “está a perder o seu verde tão belo”.
Tudo isto é o “caldo de cultura” que caracteriza a cidade, que Paulino Mota Tavares considera a cidade do velho. É “a velha Universidade, a velha Alta”, tudo numa linguagem ambígua que “é perigosa”. Por isso mesmo, Mota Tavares desafiou os cidadãos de Coimbra a fazer com que um verdadeiro caldo de cultura “aqueça e se reformule”.
Quanto à segunda parte da interrogação que serviu de título à palestra, Paulino Mota Tavares fez o elogio da sopa, enquanto alimento equilibrado e tradicionalmente português. “A sopa”, afirmou, “deveria ser aproveitada a nível turístico”, enquanto iguaria muito apreciada pelos estrangeiros que visitam o país.
Recordando a colher de pau e as velhas terrinas, dos quais fez questão de mostrar um exemplar, Paulino Mota Tavares partilhou ainda com os presentes a história da sopa, utilizando para tal várias referências da autoria de alguns dos maiores escritores portugueses, como Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.
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