sexta-feira, dezembro 16, 2005

"Um livro de mulheres"


“Entre Mondego e Cubango” é o título do novo romance de Isabel Rainha, apresentado na última Terça-feira de Minerva por Maria Aparecida Ribeiro.



O romance dá conta da história de uma família da burguesia rural do distrito de Coimbra que nos anos vinte e, mais tarde, na década de cinquenta, procura em Angola a realização dos seus sonhos e a solução para os seus problemas.
E é exactamente “uma visão não exótica sobre África, mas uma visão de uma África como uma terra agradável e igual” que se pode encontrar nesta obra, como salientou Maria Aparecida Ribeiro.



Passada entre o ano de 1900 e o de 2000, esta obra de ficção reflecte alguns dos problemas do país ao longo do século XX. No decurso da história, vão-se sucedendo os conflitos sociais, os amores, os preconceitos, as doenças e a maneira de as tratar, que revelam o modo de encarar a vida em cada época e em dois espaços diferentes, numa pacata vila nos arredores de Coimbra e na maior colónia da República.



Mas o que mais atrai no livro, segundo Maria Aparecida Ribeiro, é que é “basicamente, um livro de mulheres”, afirmou. “É que ali se encontram muitos pontos de vista femininos, mas de mulheres fortes, que constituem as personagens centrais do livro”. E o facto de ser um livro de mulheres, faz também com que se consiga perceber, ao longo da obra, os padrões da educação feminina nas épocas retratadas.


As personagens principais são Leonor e o filho, Henrique, ambos vítimas do preconceito de uma sociedade hipócrita. A história da família é contada por uma das filhas de Henrique que se interessa pela história da avó materna quando descobre algumas cartas e diários no sótão da casa de família. Não tendo conhecido a avó, da qual pouco sabe porque todos fazem questão de a deixar envolta num conveniente mistério, é através daquele pequeno espólio que vai reconstituindo a história da família que habitou a Quinta dos Loureiros.


Isabel Rainha referiu que o livro se baseia na sua própria vivência, em Portugal e em África, e nas vivências que assimilou de conversas com os seus familiares, nomeadamente o pai.
Durante a sessão de lançamento foram lidos alguns trechos da história pela escritora Helena Rainha, Isabel de Carvalho Garcia leu dois poemas da autora, também editados pela MinervaCoimbra, e a própria Isabel Rainha leu um poema inédito de sua autoria.

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