sexta-feira, dezembro 23, 2005
Estórias do dia a dia de uma farmácia reunidas em livro
As Edições MinervaCoimbra apresentaram recentemente o livro “Estórias que fazem a história de uma farmácia”, da autoria de Manuela Sinde Filipe, com ilustrações de José Maria Pimentel. A sessão decorreu na Casa da Cultura, perante uma sala que foi pequena para acolher todos os que quiseram acompanhar a autora, e na apresentação da obra participaram Paula Inês Dinis, Paulo Monteiro, ambos farmacêuticos, e Ana Maria Botelho.
No início da sessão, a editora, Isabel de Carvalho Garcia, salientou que “contrariamente aquilo que se pode pensar, ao pegar neste livro, de que é somente algo para nos divertirmos, dadas as estórias curiosas que aqui se transcrevem, este livro é sobretudo um documento etnográfico”.
Um registo do discurso do interior do país, já que Manuel Sinde Filipe trabalhou quase 28 anos numa farmácia em Côja, Arganil, mas que também inclui o meio citadino onde finalizou a carreira de técnica farmacêutica. “É um trabalho sério”, referiu ainda Isabel de Carvalho Garcia, “já que a nossa história se faz destas pequenas estórias”.
Aspecto curioso, destacou ainda, é o facto da autora apresentar na obra exemplos de algumas receitas médicas, muitas delas ilegíveis, um pouco para demonstrar a grande dificuldade que muitas vezes os profissionais de farmácia enfrentam para atender correctamente os clientes.
Para Paula Inês Dinis, esta é uma obra que retrata de forma exemplar a dificuldade de estar ao balcão de uma farmácia, pela diversidade de público com que se contacta diariamente. Para esta profissional, a memória da farmácia de oficina enriquecida fica mais enriquecida com este livro de valor etnográfico, “que reflecte palavras, pensamentos e modos de estar que com o evoluir da sociedade vão desaparecendo”.
As estórias contadas a partir de papéis que a autora foi reunindo ao longo dos anos, torna-se ainda mais rica dado que muitos destes papéis, “pela sua antiguidade, já têm um valor redobrado”, referiu ainda Paula Inês Dinis.
“Com o desejo de perpetuar no presente estórias que, talvez, possam vir a ter algum valor etnográfico, ilustrando os usos e costumes, o espírito e a cor do nosso povo”, Manuela Sinde Filipe mostra nesta obra uma outra faceta das farmácias.
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